Duas escolas de Santo André adotarão modelo cívico-militar a partir do segundo semestre

O Governo do Estado de São Paulo anunciou a lista das 100 escolas que vão implementar o modelo cívico-militar ainda em 2025. No Grande ABC, duas unidades de Santo André foram selecionadas: a Escola Estadual Professor Adamastor de Carvalho e a Escola Estadual Professor Ovídio Pires de Campos.

A medida faz parte do Programa das Escolas Cívico-Militares, que deve alcançar aproximadamente 50 mil alunos em todo o Estado. Na região, o impacto será direto para 788 estudantes. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) afirma que a seleção considerou critérios como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios — 80 das cidades escolhidas estão abaixo da média estadual e 37 abaixo da média nacional.

Consulta pública e aprovação da comunidade

Antes da definição final, foram realizadas três rodadas de consultas públicas nas escolas interessadas. Para aprovação, era necessário atingir o quórum mínimo de votantes e obter mais de 50% dos votos válidos favoráveis. Ao todo, 132 escolas em São Paulo aprovaram a mudança; outras quatro reprovaram e 166 não atingiram o quórum exigido.

Das 16 escolas da região que manifestaram interesse inicialmente, apenas as duas unidades de Santo André receberam sinal verde. Em São Bernardo, por exemplo, nenhuma das nove escolas interessadas foi aprovada.

Reações e críticas

A medida segue gerando controvérsias. Aldo dos Santos, diretor estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), criticou duramente o modelo. “Repudiamos esse formato educacional porque ele representa um retrocesso, sustentado por ideologias políticas, militares e policiais. É um desrespeito ao princípio de uma educação pública, gratuita e democrática”, afirmou.

Funcionamento do modelo

De acordo com a Seduc, as escolas cívico-militares manterão o Currículo Paulista, e o investimento por unidade será equivalente ao das escolas regulares. O diferencial está na presença de monitores com formação militar, que atuarão no suporte à disciplina, organização escolar e em atividades extracurriculares.

O processo de seleção desses monitores, preferencialmente policiais militares da reserva, será conduzido pela Seduc com apoio da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Essa última também auxiliará na emissão de documentos sobre a conduta dos candidatos, inclusive sobre eventuais antecedentes.

A estimativa de gasto com a contratação dos monitores é de R$ 7,2 milhões, considerando as 100 escolas já aprovadas.

Próximos passos

A implantação oficial do modelo nas escolas selecionadas está prevista para o segundo semestre de 2025. Segundo o governo, o objetivo é melhorar o ambiente escolar, promovendo valores como respeito, responsabilidade e disciplina, sem alterar o conteúdo pedagógico previsto na Base Nacional Comum Curricular.

By Minuto ABC

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relacionados