Doses da vacina produzida pelo laboratório Sinovac chegaram ao aeroporto de Cumbica na madrugada desta segunda, dois dias após a data prevista inicialmente. Testes começam em profissionais de saúde no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Os 890 voluntários de São Paulo começam a receber a vacina chinesa contra o coronavírus nesta terça-feira (21) no Hospital das Clínicas (HC). Os testes fazem parte de uma parceria com o Instituto Butantan. Inicialmente, o governo estadual havia anunciado que os teste começariam já nesta segunda-feira (20), mas houve atraso para liberação das doses no aeroporto.
Em todo o Brasil, 9 mil profissionais da saúde devem participar desta fase de testes. A primeira dose será aplicada nos funcionários do HC nesta terça-feira (21). Daqui a 14 dias, a segunda dose será aplicada e, durante esse período, os voluntários serão acompanhados por médicos. É a terceira fase de testes desta vacina, mas a primeira no Brasil.
O governo de São Paulo estima que a terceira fase de testes da vacina chinesa sejam concluídas em 90 dias. “Os pesquisadores do Hospital das Clínicas vão analisar os voluntários em consultas marcadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir todo o estudo da fase três de testes da Coronavac em até 90 dias”, afirmou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.
De acordo com o governador João Doria (PSDB), se os testes foram bem sucedidos, a fabricação da vacina no Brasil começa a ser produzida o início de 2021.
“Se tivermos sucesso, como esperamos ter, a vacina será produzida aqui no Instituto Butantan já no início do próximo ano com mais de 120 milhões de doses. A vacina será destinada a todos os brasileiros, não apenas aqueles que são de São Paulo, e isso será feito através do SUS. O Butantan terá todo o domínio da tecnologia.”
As 20 mil doses produzidas pelo laboratório chinês Sinovac Biotech chegaram no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (20). O avião com as vacinas saiu de Frankfurt, na Alemanha, e, após 11 horas de viagem, pousou por volta das 4h20 no Aeroporto Internacional de São Paulo. As doses estão na alfândega do aeroporto aguardando liberação.
Nesta terceira fase de testes, 9 mil voluntários irão receber a vacina contra o coronavírus. Após a aplicação da primeira dose, os voluntários receberão uma segunda dose da vacina 14 dias depois.
“Se esse estudo for concluído até o final deste ano e é uma expectativa real, nós podemos ter essa vacina disponível para a população brasileira no início do próximo ano. Quando falo disponível eu digo que com o nosso acordo com a Sinovac nós temos 120 milhões de doses vacinais, o que seria suficiente para vacinar 60 milhões de brasileiros”, afirmou Dimas Covas.
De acordo com o governo estadual, o Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. O acordo com o laboratório chinês prevê que, se a vacina for efetiva, o Brasil receberá ainda 60 milhões de doses fabricada na China para distribuição.
A parceria entre o laboratório chinês e o Butantan foi anunciada no dia 11 de junho. Na ocasião, o governador João Doria (PSDB) disse que, se comprovada a eficácia e segurança da vacina, ela será disponibilizada no SUS a partir de junho de 2021.
Esses novos testes da fase 3 da chamada CoronaVac serão feitos em larga escala e precisam fornecer uma avaliação definitiva da eficácia e segurança, isto é, a vacina precisa ser capaz de criar anticorpos para imunizar contra a Covid-19
Vacina Oxford
Outra vacina que também está na terceira fase de testes é a de Oxford, que será testada no Brasil pela Universidade Federal de São Paulo. Ela foi a primeira a receber autorização da Anvisa para os testes no país.
A vacina ja foi aplicada nos voluntários em São Paulo. Os pesquisadores disseram que, até agora, não houve efeitos colaterais significativos e a vacina estimulou o corpo a produzir anticorpos contra o vírus.
Metade dos 2 mil participantes da pesquisa recebeu a dose ou um placebo, substância que não tem efeito no organismo.
Em São Paulo, a professora Lily Weckx coordena a pesquisa na Unifesp. Segundo ela, aqui na capital, alguns poucos voluntários tiveram dores de cabeça e febre, por um ou dois dias – o que é esperado em qualquer vacina.
O estudo deve levar ainda um ano. Mas a vacina pode ser aprovada antes.
“Se você acumula dados positivos, numa situação de pandemia nós poderemos solicitar uma licença emergencial. Porque na pandemia você não precisa chegar até o fim, se ela começar a mostrar que ele funciona muito bem, isso já pode ser uma licença para uso. Por isso que todo mundo está torcendo pra ter a vacina já para o final do ano”, afirma Lily.
Oxford x Sinovac
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas disse que a diferença entre as vacinas contra a Covid-19 produzidas pelo laboratório chinês Sinovac e a universidade britânica Oxford é a tecnologia usada na produção.
“As tecnologias usadas na produção das vacinas são tecnologias diferentes. A tecnologia da vacina que nós estamos desenvolvendo é uma tecnologia tradicional. Então, ela já foi usada na produção de outras vacinas aqui no Butantan como a vacina contra raiva humana que nós produzimos e contra a dengue, usa essa tecnologia. É uma tecnologia usada tradicionalmente na produção de vacinas. Então, isso mostra que a produção de vacinas para outras doenças infecciosas como essa tecnologia tem um perfil de segurança testada, aprovada por organismos internacionais e em uso”, explicou.
“A vacina de Oxford é uma tecnologia nova que não foi ainda utilizada na produção de outras vacinas, que não foi ainda utilizada em outras vacinas, que poderá ser até uma evolução na produção de vacinas. Mas além da demonstração e eficácia, ela precisará ter o seu processo produtivo validado por esses institutos”, concluiu ele.
Centros de pesquisa
O Emílio Ribas é um dos doze centros pesquisa no país selecionados para a última fase de teste da vacina. O espaço recebia as últimas adaptações na semana passada para que 700 voluntários possam receber as doses a partir desta segunda-feira (20).
“Da mesma maneira que a gente sempre quer que alguém descubra a vacina, é importante que a gente também contribua para que isso aconteça”, afirmou uma médica de UTI que se inscreveu, mas que não pode ser identificada para não prejudicar a pesquisa.
Toda vacina precisa passar por etapas importantes até ser aprovada. Após a fase pré-clinica, com testes em animais, há 3 fases de testes em humanos. Os testes precisam comprovar que a vacina é realmente segura, que produz anticorpos e protege contra o vírus.
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