O presidente do Líbano, Michel Aoun, aceitou a renúncia apresentada nesta segunda-feira, 10, pelo primeiro-ministro, Hassan Diab, em conjunto com os demais membros do governo, e lhe pediu que continue no cargo interinamente, até a eleição de seus sucessores. “O presidente Aoun agradeceu a Diab e aos ministros e lhes pediu que continuassem no cargo até que um novo governo fosse formado”, informou a presidência por meio do Twitter. Diab reuniu-se com Aoun no Palácio do Governo para informá-lo oficialmente sobre a decisão de renunciar, anunciada em um discurso à nação poucos dias após a explosão no porto de Beirute que causou pelo menos 160 mortes e deixou mais de 6 mil feridos.
Em seu discurso, Diab disse que “os mecanismos de corrupção são maiores do que o Estado”, e por isso ele deixou a chefia do governo que dirigia desde dezembro de 2019. Mais cedo, a ministra da Justiça, Marie Claude Najem, também deixou o cargo após entregar um carta formal em que cita o ‘desastre’ ocorrido na última terça-feira, 4, e as manifestações nas ruas de Beirute como justificativa para a sua saída. A ministra da Informação do Líbano, Manal Abdel Samad, e o ministro do Meio Ambiente, Damianos Kattar, deixaram seus cargos no último domingo. Um dia antes da explosão, o então ministro das Relações Exteriores renunciou, alegando discordâncias com a atuação do governo e disse que o país caminha para se tornar um “estado falido”.
Manifestações contra o governo do Líbano não são novidade. Elas começaram em outubro do ano passado por causa do aumento de impostos, mas cresceram como oposição ao regime sectário do país, a falta de desenvolvimento econômico, a corrupção e levaram Saad Hariri a deixar o cargo. “Alguns não leram bem a revolução dos libaneses de 17 de outubro (data que os protestos começaram). Era contra eles, mas não entenderam”, disse Hassan Diab em seu discurso de renúncia. Após as explosões da última terça-feira, os protestos na capital libanesa reacenderam.
*Com Agência EFE