Foram cumpridos 65 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão em cinco estados. Captação de recursos estava estruturada em formato conhecido como ‘pirâmide financeira’.
A Polícia Federal realizou uma operação, na manhã desta quinta-feira (17), contra uma instituição financeira ilegal de São Leopoldo suspeita de movimentar R$ 40 milhões por dia. As ações ocorreram em cinco estados.
De acordo com o delegado Aldronei Pacheco Rodrigues, a empresa operava também no exterior. Durante a investigação, a polícia encontrou um centro de negócios da Unick em Belize, um país na costa leste da América Central.
“A polícia conseguiu comprovar que eles têm ao menos uma estrutura de funcionamento em Belize e que pretendiam ampliar seus negócios a partir desse paraíso fiscal, com certeza. Havia operações deles em exchange [troca de moeda] do exterior, havia remessa de valores para o exterior e operação de valores até com moedas virtuais no exterior. As investigações seguem nessa linha para verificar o que no exterior mais se comprova”, disse o delegado.
Foram cumpridos 65 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão nas cidades gaúchas de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Caxias do Sul, além de em Curitiba (PR), Bragança Paulista (SP), Palmas (TO) e Brasília (DF). Dez pessoas foram presas.
Também foram executadas medidas judiciais cautelares para apreensão de veículos, sequestro de bens e bloqueio de valores em contas correntes.
Segundo a PF, o grupo fica sediado em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e atua no mercado financeiro paralelo, sem autorização das autoridades competentes, com a captação ilegal de recursos de cerca de um milhão de clientes.
“Essa empresa e todo esse conglomerado que a gente chama de ‘Esquena Unick é muito maior. A captação deles é, no mínimo, de R$ 2,4 bilhões. A pulverização, eles falam de um milhão de clientes, a carteira, e de 740 mil ativos”, contou.
A empresa Unick, por meio de seus advogados, encaminhou uma nota à imprensa, dizendo que colabora com as autoridades competentes. Leia na íntegra abaixo.
Investigação
A investigação tem o apoio da Receita Federal. O inquérito policial foi instaurado em janeiro deste ano e apurou que os clientes do grupo eram atraídos pela promessa de retorno 100% sobre o valor investido, no prazo de seis meses. A captação de recursos estava estruturada em formato conhecido como de “pirâmide financeira”, em que os novos investidores subsidiam os pagamentos de remuneração daqueles que já aplicaram recursos há mais tempo.
A organização já havia sido notificada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que se abstivesse de tais práticas não autorizadas, mas seguiu atuando. A empresa teve então expedida uma ordem de parada de operações, que também foi ignorada.
De acordo com a PF, ao longo da investigação se evidenciaram outras práticas criminosas como a aquisição de moedas virtuais para remeter ao exterior, em supostos atos de evasão de divisas, assim como crimes de lavagem de dinheiro, entre outros.
Nota Unick
“O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa juridicamente a UNICK Academy, vem reafirmar o compromisso da empresa em colaborar com as autoridades competentes, prestando as informações necessárias para apuração de quaisquer eventuais fatos que tenham ocorrido em relação a suas operações. A empresa reafirma seu compromisso com seus clientes e acredita na Justiça e nos esclarecimentos dos fatos”.
Average Rating