Jair Bolsonaro diz que ampliação de áreas de proteção ambiental ‘dificultava o progresso’ no país

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Para o presidente, governos estrangeiros influenciavam a política ambiental no Brasil. Ele afirmou ainda que deu um ‘rotundo não’ ao presidente francês sobre reunião com líder indígena.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (4) que, no passado, líderes estrangeiros influenciavam governos brasileiros a demarcar terras indígenas e quilombolas, e a ampliar áreas de proteção ambiental, o que, segundo ele, dificultava o progresso do país.

O presidente deu a declaração em um café da manhã, no Palácio do Planalto, com Frente Parlamentar da Agropecuária, conhecida no Congresso Nacional como bancada ruralista.

Ao discursar no café, Bolsonaro relembrou os encontros que teve na semana passada em Osaka, no Japão, durante a cúpula do G20, com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com a chanceler alemã, Angela Merkel.

Segundo Bolsonaro, as conversas sobre meio ambiente com os líderes estrangeiros confirmaram o que ele “pensava no passado”.

“O que senti agora, em Osaka no Japão, por parte especial de dois chefes de Estado, é uma coisa que confirmou o que eu pensava no passado, o que eles pensam ao nosso respeito”, disse Bolsonaro.

“Esses dois [Macron e Merkel], em especial, achavam que estavam tratando com governos anteriores, que, após reuniões como essas, vinham para cá e demarcavam dezenas de áreas indígenas, demarcavam quilombolas, ampliavam área de proteção, ou seja, dificultavam cada vez mais o nosso progresso aqui no Brasil”, completou.

Desde a campanha eleitoral, em 2018, Bolsonaro critica as demarcações de terras realizadas por governos anteriores e afirma que não pretende demarcar novas áreas. O presidente repassou ao Ministério da Agricultura a demarcação de terras indígenas, medida contestada na Justiça. A demarcação antes ficava a cargo da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Conversas no G20

No G20, Bolsonaro relatou ter dito a Merkel que o Brasil é alvo de uma “psicose ambientalista”. Às vésperas do encontro, a chanceler afirmou no parlamento alemão que via com “grande preocupação” as ações do governo brasileiro a respeito do desmatamento e que queria ter uma “conversa clara” com Bolsonaro.

Bolsonaro relatou no café que convidou Macron e Merkel para sobrevoar a Amazônia. O presidente disse que concordaria com críticas à política ambiental do país se os estrangeiros encontrassem “um quilômetro quadrado” de desmatamento entre Boa Vista e Manaus.

Bolsonaro argumentou que a Europa não preservou suas florestas, por isso, os estrangeiros “não têm autoridade” para discutir a questão ambiental com o Brasil.

“Sobrevoei a Europa por duas vezes, eu também lhes disse que não encontrei um quilômetro quadrado de floresta naquela região. Então, eles não têm autoridade para vir discutir essa questão para conosco”, afirmou.

Reunião com líder indígena

Bolsonaro ainda relatou aos parlamentares que deu um “rotundo não” a Macron, que lhe pediu para tratar de questões ambientais na presença do cacique Raoni, líder da etnia kayapó, que ganhou visibilidade internacional nas últimas décadas em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia

“O senhor Macron queria que eu, ele, ao lado do Raoni, viesse anunciar decisões para nossa questão ambiental. Dei-lhe um rotundo não. Não reconheço o Raoni como autoridade aqui no Brasil. Ele é um cidadão como outro qualquer, que  nós devemos respeito e consideração”, disse Bolsonaro.

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