Problema no sistema de notificação nesta quarta (17) vai atrasar contabilização de casos confirmados para amanhã, segundo secretaria estadual da Saúde. Total de mortes no estado chegou a 11.521.
O estado de São Paulo registrou nesta quarta-feira (17) um novo recorde de mortes por coronavírus confirmadas em 24h. Foram 389 mortes pela doença contabilizadas neste período, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, valor que supera o recorde desta terça (16), quanto foram registrados 365 óbitos. Desde o início da pandemia, o estado teve 11.521 mortes pela doença.
As novas confirmações não significam, necessariamente, que as mortes aconteceram de um dia para o outro, mas que foram contabilizadas no sistema neste período. Os números costumam ser menores no final de semana e às segundas-feiras devido ao atraso nas notificações nestes dias.
O total de casos no estado chegou a 191.517 nesta quarta, com a adição de 1.232 novas confirmações. No entanto, o número de casos confirmados não foi completamente atualizado nesta quarta devido a um problema no sistema e-SUS, que é utilizado para a notificação de casos leves, segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann. Portanto, os novos casos confirmados nesta quarta são referentes apenas a pacientes graves, que estão internados.
O total de casos confirmados nas últimas 24h deve ser incluído no balanço desta quinta (18). Ainda de acordo com o secretário, a contabilização das mortes e dos casos graves não foi afetada por esse atraso nas notificações dos casos leves.
Nesta quarta a taxa de ocupação de leitos de UTI se manteve estável em 77,1% na Grande São Paulo e 70,6% no estado. Na terça, os índices registrados foram os mesmos. Na segunda, o índice era de 77,8% na Grande São Paulo e 70,8% no estado inteiro.
O número de pacientes internados com suspeita ou confirmação de Covid-19 caiu ligeiramente para 13.680 nesta quarta. Desses, são 5.257 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 8.423 em enfermaria. Na terça, eram 13.735 internados, sendo 5.339 em UTIs e 8.396 em enfermaria.
Na segunda-feira (15) o governo do estado de São Paulo anunciou que, pela primeira vez, houve um número menor de novas mortes semanais por coronavírus em comparação com a semana anterior. A diferença, no entanto, foi de apenas 3 óbitos. Com os novos recordes diários registrados nessa semana, no entanto, o valor pode voltar a subir.
Projeção de 15 mil a 18 mil mortes até fim do mês
O secretário de Saúde do estado, José Henrique Germann, disse nesta quarta que o problema no sistema de notificação afetou apenas o registro de casos leves, e não o de mortes.
“Houve um problema no e-SUS, que registra os casos leves, e por isso foi muito pequena a mudança, amanhã ele entrando novamente em operação nós teremos o aporte de hoje e de ontem. No caso de óbitos, não [influencia], ele vem por outro sistema, e o número está aqui de acordo. Tivemos aquilo que nós esperávamos em termos de números”, disse Germann.
O governo afirma que o alto número de mortes registrado nesta quarta está dentro das projeções calculadas pela equipe de saúde. Até o final do mês, a previsão é de que o estado chegue a um número entre 15 mil a 18 mil de mortes no total.
“A nossa expectativa até o fim do mês é de ter um intervalo entre 15 mil e 18 mil óbitos acumulados. O número que nós temos hoje está dentro do cenário. Toda vida conta, é sempre muito difícil trazer os números de óbitos, mas a boa notícia é que nossa taxa de letalidade está caminhando para uma estabilização, porque o número de óbitos está inferior às nossas projeções”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
Já em relação ao número de casos, mesmo com problemas na notificação, o governo já admite que o valor está acima das projeções, mas atribui essa diferença a um suposto aumento na testagem da população (leia mais abaixo).
“No cenário de óbitos a gente está no limite inferior [das projeções], mas no cenário de casos a gente está no limite superior, um pouco acima até, pela iniciativa de testagem, em especial com teste sorológico”, disse a secretária.
O antigo coordenador do comitê do governo para combate ao coronavírus, o médico Dimas Covas, disse na terça (16) que a pandemia em São Paulo “não está sob controle, estava com uma velocidade diminuída”. Ele vê com preocupação o resultado da reabertura dos comércios em algumas cidades do estado e avalia que a proposta estabelecida pelo governo estadual não foi compreendida pela população.
Também nesta terça, Carlos Carvalho, que substituiu Covas na coordenação contra o coronavírus em SP, disse que o comitê de saúde está preparado para adotar medidas mais duras caso os dados do estado piorem.
“Cabe a nós manter um olhar com bastante cuidado. Percebendo uma volta de alguns casos, além do que seria esperado, de tomarmos as medidas necessárias, inclusive, eventualmente, voltar a uma restrição maior em relação à liberação que estava sendo encaminhada”, disse.
Testagem da população
A equipe do Comitê de Contingência afirma que aumentou a testagem de Covid-19 na população e atribuiu a isso parte do aumento no número de casos confirmados no estado verificado nos últimos dias.
Conforme anunciado na semana passada, os testes sorológicos (testes rápidos) passaram a ser utilizados pelo governo de São Paulo na notificação de confirmação de casos, o que não é recomendado pela OMS. Antes, só os testes de RT-PCR, que são mais precisos, eram considerados na contagem oficial da secretaria.
Atualmente, o total de casos confirmados no estado mistura os resultados positivos obtidos nos testes rápidos aos que foram confirmados por testes moleculares, o que, segundo a OMS, não é o ideal. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, afirma que esses números devem ser separados.
“A gente está trabalhando para separar em tempo real esses números. A ideia é que a gente passe a acompanhar diariamente com essa separação para termos uma visão real da nossa situação. Porque os casos de PCR são os que impactam no que diz respeito à capacidade de atendimento. O modelo sorológico está sempre olhando para trás”, disse Patrícia Ellen nesta quarta.
O governo também passou a incluir a rede particular de laboratórios na capacidade total de testagem no estado.
De acordo com Paulo Menezes, o estado ampliou para 602.384 o total de testes já realizados para detectar o novo coronavírus. Mas esse valor inclui tanto testes sorológicos como PCR, e rede pública e particular. Portanto não é possível mensurar a ampliação, já que antes só eram divulgados dados da rede pública e de RT-PCR.
“Hoje a situação é de ter testado mais de meio milhão [525.666] de pessoas com suspeita de Covid-19 com sintomas leves, chamadas síndromes gripais. 76.718 pessoas com casos suspeitos de Covid-19 internadas, casos mais graves, totalizando mais de 600 mil testes [602.384] realizados entre PCR e teste rápido, o que realmente mostra um volume bastante maior do que vinha sendo divulgado até então”, disse Menezes.
Em maio, o governo também anunciou que ampliaria a testagem de RT-PCR para caso leves, já que até então os testes só eram feitos em pacientes graves. Os municípios, no entanto, enfrentaram dificuldade para cumprir a determinação, já que havia falta de kits de amostras para coleta de material. Nesta terça, o governo voltou a prometer que os materiais serão distribuídos.
“Nós estamos distribuindo, essa semana e a semana que vem, 250 mil kits de ‘swab’ com tubo, aqueles cotonetes para fazer coleta de amostra de PCR, pra que todos os municípios do estado de são Paulo aumentem o volume de pacientes com sintomas mais leves testados com o RT-PCR”, disse Menezes.
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