Em São Paulo, influencer digital é vítima de agressão física em restaurante no Itaim Bibi

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A blogueira Helô Gomes foi violentada em estabelecimento no bairro do Itaim Bibi

A influenciadora digital Helô Gomes, 34, acaba de se tornar mais uma vítima de violência contra a mulher na cidade de São Paulo. No dia 14 de setembro, enquanto frequentava oum restaurante no tradicional bairro Itaim Bibi, a jornalista — que ficou conhecida pelo blog Sanduíche de Algodão e pela marca de camisetas Coletivo Lírico — sofreu agressão física e verbal de um jovem de 29 anos que frequentava um local. Ela levou um soco do agressor, que a assediou verbalmente e tentou forçar um contato íntimo com Helô.

“Ele deu um soco tão forte na cabeça da minha amiga que ela teve que fazer uma tomografia e ficar internada. Segue em observação sob cuidados médicos, ainda tem risco de hemorragia interna e recebeu o diagnóstico de estresse pós traumático”, conta Juliana Ali, amiga de Helô que a acompanhou no dia seguinte ao episódio, em um relato que viralizou na Internet na noite desta terça-feira, 24.

Quem também se manifestou foi Helô, que faz aniversário hoje. Em seu perfil no Instagram, a influencer — que tem mais de 73,4 mil seguidores — compartilhou a ilustração de um coração e um desabafo emocionante. “Este é o pior aniversário da minha vida. Mas, pensando pelo lado positivo, daqui pra frente só pode melhorar, né?!”, escreveu ela na legenda.

“Obrigada por cada palavra, vocês não imaginam como elas abraçam meu coração. Tô na luta aqui pra sair dessa com a força de meus amigos verdadeiros. Imploro que continuem orando por mim e prometo pra vocês que não descansarei enquanto não transformar toda dor que estou sentindo em poesia e justiça.”

Na tarde de quarta-feira, 25.09, o restaurante Ummi Finest Sushi, onde ocorreu a agressão, publicou uma nota de esclarecimento sobre o caso: “O restaurante Ummi Finest Sushi lamenta o ocorrido entre os clientes, repudia todo e qualquer tipo de violência e ressalta que está colaborando com as investigações do caso”.

A seguir, entenda o caso pelas palavras de Juliana Ali:

Era apenas um sábado normal

“Sábado, 14 de setembro, Heloísa foi jantar no restaurante Ummi Finest Sushi, em São Paulo, acompanhada por um casal de amigos bastante próximos dela: Murched Omar Taha Filho, um dos donos do Ummi Sushi, e sua namorada, uma moça chamada Gabi. Assim que entrou no restaurante, usando calça jeans, tênis e camiseta branca básica, um homem fez um sinal para Heloísa, chamando ela até a mesa na qual já estava sentado com outras pessoas. Helô foi, na dúvida se seria alguém que ela, talvez, já teria visto antes. Mas não, ela nunca tinha visto essa pessoa. Ao se aproximar, este desconhecido disse a Helô, em tom de deboche, algo como: “Garçonete, quero um drink assim e assado, bem caprichado, hein??”. Estava, sem sombra de dúvidas, visivelmente muito alterado por álcool e/ou drogas. Minha amiga apenas respondeu: “Não trabalho aqui”. E seguiu para a mesa onde seus amigos já a esperavam. Nessa mesa, também acabaram se sentando mais três pessoas logo após a chegada de Helô, Murched e Gabi.”

Não é NÃO

“Em seguida a esse breve encontro inicial, o mesmo homem levantou-se e foi até a mesa de Helô. Ela estava sentada em um banquinho baixo. Começou a passar a mão nas costas dela, encostar a boca em seu ouvido e dizer frases: “Você achou ruim que te confundi com a garçonete? Por que? Você acha que toda garçonete é puta? Você é puta? Você é PUTA? VOCÊ É PUTA?”. Todo o tempo tocando nela e encostando seu rosto no dela. Helô apenas disse: ‘Não encoste em mim. Não encoste em mim.’ Helô chegou a mudar de mesa, mas não adiantou: ele voltou.”SAIBA MAIS

De repente, um soco — e nenhuma ajuda

“Em dado momento desse desconforto, Heloísa chegou a pedir ajuda aos outros ocupantes de sua mesa, que disseram coisas como “sai pra lá, amigo, deixa ela”, mas nada mudou. Ele continuou ‘VOCÊ É PUTA?’. Tocando. Passando a mão. Até que finalmente Heloísa disse: ‘Se você continuar, vou jogar minha bebida na sua cara’. Ele continuou. Ela jogou.

E então ELE DEU UM SOCO NA CABEÇA DA HELOÍSA. ELA CAIU PARA O LADO. De repente, um soco. A primeira coisa que Helô fez, em meio á dor, ao susto e ao constrangimento, foi perguntar ao rapaz que estava sentado ao seu lado: “como é o nome desse homem???”. A resposta? ‘Não vou entregar meu amigo.’ Ninguém segurou OTTO RESENDE VILELA FILHO (Otto Vilela). Ninguém. Nenhum dos presentes. Nenhum segurança. Absolutamente ninguém. OTTO RESENDE VILELA FILHO foi embora, tranquilo, sem correr. Mas Heloísa pediu para Murched, o dono do Ummi Sushi, aos prantos e com a cabeça inchada: ‘Me deixe ver as câmeras de segurança, quero saber se temos isso registrado!’. Murched mostrou. Tudo filmado, em detalhes. Nítido. Heloísa foi embora, dormiu na casa de Gabi, sua amiga, após ter tido medo de ir á delegacia porque lhe disseram que ‘a culpa foi dela’, afinal ela ‘jogou a bebida em Otto primeiro’.”

A denúncia — e a impunidade

“Por volta das 10 horas da manhã de domingo, 15 de setembro, peguei Heloísa na casa de Gabi. Chorando, tremendo, Helô saiu pela porta junto com Gabi. Eu disse: ‘Gabi, quero o vídeo das câmeras de segurança pois estou indo á delegacia na sequência’. Gabi me informou que Murched, seu namorado e dono do Ummi Sushi, iria me entregar a filmagem ao meio dia e meia, para que eu o encontrasse, então, na porta de seu restaurante.

Foi o tempo de levar Helô para tomar um banho na casa dela, avisar seus pais do ocorrido e ir para o Ummi. Chegando lá, Heloísa ligou para Murched, que perguntou se ela não preferia NEGOCIAR COM OTTO. Ela me entregou o telefone imediatamente, pálida, e eu disse a Murched que de jeito nenhum. Então Murched me disse: ‘Só terei a chave do restaurante ás 16hs’. Ok, respondi, ás 16hs eu volto. Seguimos para a 2ª Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher – Vila Clementino, que estava de plantão. Helô foi tratada com uma compreensão e carinho excepcionais. Foi um momento de apoio muito, muito importante. Ás 16hs, segui para o Ummi sozinha enquanto Helô terminava o BO.”

O agressor

“Murched se recusou a me entregar o vídeo. Por telefone, me disse que “não vai ficar com a consciência tranquila se Otto cometer uma loucura depois disso”, que ‘Otto é só um menino’ (ele tem 29 anos), que ‘vai respingar em seu restaurante”, que ‘Helô também estava errada” e que ele próprio, Murched, é “feminista como eu’. Murched tem um processo de agressão aberto contra ele. Otto tem bem, bem mais que um só. E Otto luta boxe. É um ‘menino’ alto, forte, grande, que deu um soco tão forte na cabeça da minha amiga que ela teve que fazer uma tomografia e ficar internada. Segue em observação sob cuidados médicos, ainda tem risco de hemorragia interna e recebeu o diagnóstico de estresse pós traumático. Tem tido crises de ansiedade e está medicada o tempo todo. Só chora. Enquanto isso, no fim de semana passado Otto estava fazendo um churrasco, conforme postou no Instagram.”

O relato

“Demorei dez dias para publicar esse relato porque tinha esperanças de poder mostrar o vídeo do Ummi aqui. Este vídeo foi conseguido por uma intimação judicial e já está anexado ao processo da Helô, e mostra EXATAMENTE o que relatei aqui. Irrefutável. Porém, não posso postar pois o processo está correndo e vai correr até a justiça ser feita.

Nos últimos 10 dias desde o ocorrido Helô foi procurada por muitas pessoas da alta sociedade paulistana pedindo para que ela abra mão do processo – afinal, realmente, Otto já tem muitos outros correndo, pois é um agressor em série. Também foi procurada pelo próprio Otto e pelo advogado de Otto. Helô não respondeu ninguém.”

Leia o relato completo:

“AMIGAS E AMIGOS. POR FAVOR, COMPARTILHEM MEU RELATO. NÃO PODEMOS DEIXAR ABUSADOR EM SÉRIE SAIR IMPUNE.
OBRIGADA DO FUNDO DO CORAÇÃO.

Domingo, 15 de setembro último, acordei e meu celular estava cheio de mensagens e ligacões perdidas da Helo Gomes, minha grande amiga há quase uma década. Uma das mensagens dizia: “Ju, me liga, fui agredida esta noite”.
Liguei imediatamente e abaixo segue o relato que ouvi de Helô.

Sábado, 14 de setembro, Heloísa foi jantar no restaurante Ummi Finest Sushi, em São Paulo, acompanhada por um casal de amigos bastante próximos dela: Murched Omar Taha Filho, um dos donos do Ummi Sushi, e sua namorada, uma moça chamada Gabi.
Assim que entrou no restaurante, usando calça jeans, tênis e camiseta branca básica, um homem fez um sinal para Heloísa, chamando ela até a mesa na qual já estava sentado com outras pessoas. Helô foi, na dúvida se seria alguém que ela, talvez, já teria visto antes. Mas não, ela nunca tinha visto essa pessoa. Ao se aproximar, este desconhecido disse a Helô, em tom de deboche, algo como: “Garçonete, quero um drink assim e assado, bem caprichado, hein??”. Estava, sem sombra de dúvidas, visivelmente muito alterado por álcool e/ou drogas. Minha amiga apenas respondeu: “Não trabalho aqui”. E seguiu para a mesa onde seus amigos já a esperavam. Nessa mesa, também acabaram se sentando mais três pessoas logo após a chegada de Helô, Murched e Gabi.
Em seguida a esse breve encontro inicial, o mesmo homem levantou-se e foi até a mesa de Helô. Ela estava sentada em um banquinho baixo. Começou a passar a mão nas costas dela, encostar a boca em seu ouvido e dizer frases: “Você achou ruim que te confundi com a garçonete? Por que? Você acha que toda garçonete é puta? Você é puta? Você é PUTA? VOCÊ É PUTA?”. Todo o tempo tocando nela e encostando seu rosto no dela. Helô apenas disse: “Não encoste em mim. Não encoste em mim.” Helô chegou a mudar de mesa, mas não adiantou: ele voltou.
Em dado momento desse desconforto, Heloísa chegou a pedir ajuda aos outros ocupantes de sua mesa, que disseram coisas como “sai pra lá, amigo, deixa ela”, mas nada mudou. Ele continuou “VOCÊ É PUTA?”. Tocando. Passando a mão. Até que finalmente Heloísa disse: “Se você continuar, vou jogar minha bebida na sua cara”. Ele continuou. Ela jogou.
E então ELE DEU UM SOCO NA CABEÇA DA HELOÍSA. ELA CAIU PARA O LADO. De repente, um soco. A primeira coisa que Helô fez, em meio á dor, ao susto e ao constrangimento, foi perguntar ao rapaz que estava sentado ao seu lado: “como é o nome desse homem???”. A resposta? “Não vou entregar meu amigo.”
Ninguém segurou OTTO RESENDE VILELA FILHO (Otto Vilela). Ninguém. Nenhum dos presentes. Nenhum segurança. Absolutamente ninguém. OTTO RESENDE VILELA FILHO foi embora, tranquilo, sem correr. Mas Heloísa pediu para Murched, o dono do Ummi Sushi, aos prantos e com a cabeça inchada: “Me deixe ver as câmeras de segurança, quero saber se temos isso registrado!”. Murched mostrou. Tudo filmado, em detalhes. Nítido.
Heloísa foi embora, dormiu na casa de Gabi, sua amiga, após ter tido medo de ir á delegacia porque lhe disseram que “a culpa foi dela”, afinal ela “jogou a bebida em Otto primeiro”.

Aqui acaba o relato da Helô e agora começa o meu, porque a partir daí estive presente em todos os momentos.
Por volta das 10 horas da manhã de domingo, 15 de setembro, peguei Heloísa na casa de Gabi. Chorando, tremendo, Helô saiu pela porta junto com Gabi. Eu disse: “Gabi, quero o vídeo das câmeras de segurança pois estou indo á delegacia na sequência”. Gabi me informou que Murched, seu namorado e dono do Ummi Sushi, iria me entregar a filmagem ao meio dia e meia, para que eu o encontrasse, então, na porta de seu restaurante.
Foi o tempo de levar Helô para tomar um banho na casa dela, avisar seus pais do ocorrido e ir para o Ummi. Chegando lá, Heloísa ligou para Murched, que perguntou se ela não preferia NEGOCIAR COM OTTO. Ela me entregou o telefone imediatamente, pálida, e eu disse a Murched que de jeito nenhum. Então Murched me disse: “Só terei a chave do restaurante ás 16hs”. Ok, respondi, ás 16hs eu volto.
Seguimos para a 2ª Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher – Vila Clementino, que estava de plantão. Helô foi tratada com uma compreensão e carinho excepcionais. Foi um momento de apoio muito, muito importante. Ás 16hs, segui para o Ummi sozinha enquanto Helô terminava o BO.
Adivinha? Murched se recusou a me entregar o vídeo. Por telefone, me disse que “não vai ficar com a consciência tranquila se Otto cometer uma loucura depois disso”, que “Otto é só um menino” (ele tem 29 anos), que “vai respingar em seu restaurante”, que “Helô também estava errada” e que ele próprio, Murched, é “feminista como eu”.
Murched tem um processo de agressão aberto contra ele. Otto tem bem, bem mais que um só. E Otto luta boxe. É um “menino” alto, forte, grande, que deu um soco tão forte na cabeça da minha amiga que ela teve que fazer uma tomografia e ficar internada. Segue em observação sob cuidados médicos, ainda tem risco de hemorragia interna e recebeu o diagnóstico de estresse pós traumático. Tem tido crises de ansiedade e está medicada o tempo todo. Só chora. Enquanto isso, no fim de semana passado Otto estava fazendo um churrasco, conforme postou no Instagram.
Demorei dez dias para publicar esse relato porque tinha esperanças de poder mostrar o vídeo do Ummi aqui. Este vídeo foi conseguido por uma intimação judicial e já está anexado ao processo da Helô, e mostra EXATAMENTE o que relatei aqui. Irrefutável. Porém, não posso postar pois o processo está correndo e vai correr até a justiça ser feita.
Nos últimos 10 dias desde o ocorrido Helô foi procurada por muitas pessoas da alta sociedade paulistana pedindo para que ela abra mão do processo – afinal, realmente, Otto já tem muitos outros correndo, pois é um agressor em série. Também foi procurada pelo próprio Otto e pelo advogado de Otto. Helô não respondeu ninguém.
Otto é milionário. Os amigos de Otto também são.
Por isso estou aqui compartilhando isso. Este homem já agrediu antes. E provavelmente vai agredir de novo. E ele tem meios para escapar disso. Não vamos deixar isso acontecer.

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