Donos de fazenda são multados em R$ 300 mil por desmatamento em área quilombola preservada na Chapada dos Veadeiros

Read Time:3 Minute, 35 Second

Na propriedade, mais de 530 hectares de mata virgem foram destruídos e 300 toneladas de calcário, usado no preparo do solo para plantações, apreendidos. Terra também foi embargada.

Uma fazenda situada em Cavalcante, no nordeste de Goiás, foi embargada após ser constatado o desmatamento de mais de 530 hectares, sem autorização, dentro de um território kalunga. A área fica dentro da Chapada dos Veadeiros. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), um documento falso foi apresentado para tentar justificar a destruição da mata e os donos da propriedade foram autuados em mais de R$ 300 mil .

G1 contatou os advogados da Fazenda Alagoas, onde houve o desmatamento, por e-mail, às 13h51 desta sexta-feira (5), e aguarda retorno.

No local, também foram apreendidas 300 toneladas de calcário, um tipo de minério usado para preparar o solo para o plantio. Esse pedaço de mata preservada que foi destruído corresponde a mais da metade do que foi desmatado na região – cerca de 1 mil hectares -, segundo a Semad. O local é alvo de uma operação nesta sexta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, com o apoio das polícias Militar e Civil.

A secretária de Meio Ambiente, Andrea Vulcanis, havia dito que outra fazenda também estava desmatando e que as terras estavam sendo arrendadas para uma mineradora. Conforme a Semad, essas propriedades ainda não foram desapropriadas, mas estão dentro do território quilombola.

O G1 contatou a assessoria de imprensa da Semad por mensagem e e-mail, às 10h27 desta sexta-feira, questionando sobre quem são os proprietários das áreas, se há alguma legislação que permita a exploração e arrendamento das terras. A reportagem aguarda retorno sobre as demandas.

Desmatamento na Chapada dos Veadeiros, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Desmatamento na Chapada dos Veadeiros, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Motivação

Andrea diz que ainda tenta descobrir o que motivou a exploração da área de preservação, que é de difícil acesso e, segundo ela, “sem propósito”.

“Queremos identificar qual seria a destinação dessa área, se era uma preparação de área para uso agrícola, o que, a princípio, me parece muito fora de propósito por conta, inclusive, da viabilidade econômica. É 1h30 de estrada de chão no meio da floresta, no meio do Cerrado, sem nada por perto”, pondera.

A secretária disse ainda que a proprietária da fazenda mora em São Paulo e que o filho dela foi quem se apresentou às autoridades como sendo representante da empresa de mineração. Ela fez o arrendamento para esta empresa e o registro na matrícula do imóvel. No entanto, Andrea afirma que um documento falso foi apresentado para tentar justificar o desmatamento.

“Documento fraudulento. É importante relatar aqui que o responsável técnico que redigiu esse documento será responsabilizado por crime ambiental. Eles informavam que se tratava de uma limpeza de pastagem, o que não é um ato passível de licenciamento ambiental. A fraude nessa informação gerou uma declaração de dispensa de licenciamento, mas isso é absolutamente fraudulento e todos os envolvidos serão punidos”, afirma.

O desmatamento foi feito na fazenda por meio de correntões, que consiste em dois tratores conectados por um cabo de aço entre eles e que se movimentam juntos no intuito de destruir e arrastar a vegetação nativa.

O superintendente de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da Semad, Robson Dizarz, disse que a equipe conseguiu descobrir o o processo no início e preservar alguma parte da vegetação rasteira. Apesar disso, ele lamentou o cenário encontrado.

“A área está dentro do território quilombola é uma área que não tem licença ambiental (…) Realmente, uma situação bastante complicada. O Cerrado aqui é bastante preservado e bonito”, desabafou.

Donos de fazenda são multados em R$ 300 mil por desmatamento em área quilombola preservada  — Foto: Semad/Divulgação
Donos de fazenda são multados em R$ 300 mil por desmatamento em área quilombola preservada — Foto: Semad/Divulgação

Imagens mostram o desmatamento

A Secretaria de Meio Ambiente comparou as imagens de satélite registradas em junho com as imagens de maio deste ano. Assim, a pasta conseguiu identificar o desmatamento dentro do território quilombola e da área de preservação ambiental de Pouso Alto.

Metade da vegetação foi destruída no mês passado, segundo a secretaria. A região fica no complexo do Prata, conhecido pelas cachoeiras do Rio Prata na Chapada dos Veadeiros.

Vulcanis explica que o território kalunga é administrado pelo governo federal, porém. toda a área de meio ambiente, de supressão de vegetação e autorizações são da secretaria estadual.

Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleepy
Sleepy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %

Average Rating

5 Star
0%
4 Star
0%
3 Star
0%
2 Star
0%
1 Star
0%

Deixe um comentário

Previous post Laudo da perícia sobre projétil que matou o menino João Pedro é inconclusivo
Next post Weintraub irrita área econômica ao reforçar ataques à China em depoimento à Polícia Federal