Na propriedade, mais de 530 hectares de mata virgem foram destruídos e 300 toneladas de calcário, usado no preparo do solo para plantações, apreendidos. Terra também foi embargada.
Uma fazenda situada em Cavalcante, no nordeste de Goiás, foi embargada após ser constatado o desmatamento de mais de 530 hectares, sem autorização, dentro de um território kalunga. A área fica dentro da Chapada dos Veadeiros. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), um documento falso foi apresentado para tentar justificar a destruição da mata e os donos da propriedade foram autuados em mais de R$ 300 mil .
O G1 contatou os advogados da Fazenda Alagoas, onde houve o desmatamento, por e-mail, às 13h51 desta sexta-feira (5), e aguarda retorno.
No local, também foram apreendidas 300 toneladas de calcário, um tipo de minério usado para preparar o solo para o plantio. Esse pedaço de mata preservada que foi destruído corresponde a mais da metade do que foi desmatado na região – cerca de 1 mil hectares -, segundo a Semad. O local é alvo de uma operação nesta sexta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, com o apoio das polícias Militar e Civil.
A secretária de Meio Ambiente, Andrea Vulcanis, havia dito que outra fazenda também estava desmatando e que as terras estavam sendo arrendadas para uma mineradora. Conforme a Semad, essas propriedades ainda não foram desapropriadas, mas estão dentro do território quilombola.
O G1 contatou a assessoria de imprensa da Semad por mensagem e e-mail, às 10h27 desta sexta-feira, questionando sobre quem são os proprietários das áreas, se há alguma legislação que permita a exploração e arrendamento das terras. A reportagem aguarda retorno sobre as demandas.
Motivação
Andrea diz que ainda tenta descobrir o que motivou a exploração da área de preservação, que é de difícil acesso e, segundo ela, “sem propósito”.
“Queremos identificar qual seria a destinação dessa área, se era uma preparação de área para uso agrícola, o que, a princípio, me parece muito fora de propósito por conta, inclusive, da viabilidade econômica. É 1h30 de estrada de chão no meio da floresta, no meio do Cerrado, sem nada por perto”, pondera.
A secretária disse ainda que a proprietária da fazenda mora em São Paulo e que o filho dela foi quem se apresentou às autoridades como sendo representante da empresa de mineração. Ela fez o arrendamento para esta empresa e o registro na matrícula do imóvel. No entanto, Andrea afirma que um documento falso foi apresentado para tentar justificar o desmatamento.
“Documento fraudulento. É importante relatar aqui que o responsável técnico que redigiu esse documento será responsabilizado por crime ambiental. Eles informavam que se tratava de uma limpeza de pastagem, o que não é um ato passível de licenciamento ambiental. A fraude nessa informação gerou uma declaração de dispensa de licenciamento, mas isso é absolutamente fraudulento e todos os envolvidos serão punidos”, afirma.
O desmatamento foi feito na fazenda por meio de correntões, que consiste em dois tratores conectados por um cabo de aço entre eles e que se movimentam juntos no intuito de destruir e arrastar a vegetação nativa.
O superintendente de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da Semad, Robson Dizarz, disse que a equipe conseguiu descobrir o o processo no início e preservar alguma parte da vegetação rasteira. Apesar disso, ele lamentou o cenário encontrado.
“A área está dentro do território quilombola é uma área que não tem licença ambiental (…) Realmente, uma situação bastante complicada. O Cerrado aqui é bastante preservado e bonito”, desabafou.
Imagens mostram o desmatamento
A Secretaria de Meio Ambiente comparou as imagens de satélite registradas em junho com as imagens de maio deste ano. Assim, a pasta conseguiu identificar o desmatamento dentro do território quilombola e da área de preservação ambiental de Pouso Alto.
Metade da vegetação foi destruída no mês passado, segundo a secretaria. A região fica no complexo do Prata, conhecido pelas cachoeiras do Rio Prata na Chapada dos Veadeiros.
Vulcanis explica que o território kalunga é administrado pelo governo federal, porém. toda a área de meio ambiente, de supressão de vegetação e autorizações são da secretaria estadual.
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