O comentarista Augusto Nunes, do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, afirmou que é “normal” a denúncia feita pelo senador Jorge Kajuru (PRP), de que o ministro Gilmar Mendes teria determinado a soltura do secretário de Transportes de São Paulo, Alexandre Baldy, a pedido dos governadores João Doria (PSDB-SP) e Marconi Perillo (PSDB-MT). “Todo o prontuário do Gilmar Mendes aponta para isso. Recorre a ele o interessado à soltura de bandidos, porque ele solta todos”, disse Augusto, usando como exemplo o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o médico Roger Abdelmassih. “Ele aparecer ao lado de bandidos é o normal, o que merece virar manchete é o anormal, o estranho. Pois bem, notícia é ele fazer justiça, punir algum bandido ou mandar prender algum meliante. Normal é ele agindo à favor dos delinquentes, é isso que desmoraliza o STF”, continuou.
Segundo informou Kajuru ao Os Pingos nos Is, Perillo e Doria teriam telefonado para Gilmar pedindo a soltura de Baldy, pois o ministro estaria “devendo um favor” ao governador. “[Perillo] foi o primeiro, logo após a prisão de Baldy pela Polícia Federal em São Paulo, a ligar para o Gilmar e começar a convencê-lo a fazer a liminar que o soltaria. Foi por favor, ‘toma lá da cá’. E o governador de SP participou também da conversa, Marconi pediu que Gilmar também ouvisse o pedido de Doria”, disse o senador. Ele garantiu que tem “todas as provas” de que seria verdade e que vai falar quem passou a informação caso seja chamado pela Justiça. “Falo rindo com o maior prazer para mostrar para o Brasil quem é Gilmar Mendes.”
Para Augusto, “até um bebê de colo está sabendo” que o ministro conversa sobre esses assuntos “ilegais”, que “desmoralizam o STF”. Ele citou gravações em que Gilmar teria atendido a um pedido de Aécio Neves “para conversar com um senador do Pará sobre determinada votação que interessava ao ex-governador de Minas Gerais”. “Marcou encontro com as prisões preventivas alongadas de Curitiba — alongada para ele durava mais de uma hora –, telefonou para o Silval Barbosa, aquele bandido que governou o Mato Grosso e que depois ficou quatro anos na cadeia, indignado com um mandado de busca e apreensão na casa do bandido”, disse o comentarista.
Mendes determinou a soltura do secretário na sexta-feira à noite. Ele foi sorteado relator do caso e, na decisão, afirmou que a prisão temporária não pode ser utilizada “para forçar a presença ou a colaboração do imputado em atos de investigação ou produção de prova”. Para o ministro, a soltura também é justificada pelo fato de os supostos crimes terem acontecidos em 2018.