O ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho disse que não revela para qual time torce por questões éticas. “Não pega bem eticamente”, contou em entrevista ao Pânico nesta segunda-feira (10). O ex-comentarista da Globo disse que já foi muito cornetado e, por isso, prefere não revelar o time do coração. “Já tive vários times: era só um time ser campeão que falavam que eu torcia para ele”, ironizou. Ele ainda contou sobre os problemas com os torcedores. “Quando você apita bem, eles te dão tapinha nas costas, quando você apita mal, eles dão tapão nas costas”, brinco, dizendo que o “torcedor torce os fatos”.
Um dos maiores árbitros de futebol da história do Brasil, tendo até apitado uma final de Copa do Mundo, Arnaldo contou que tinha problema com jogadores e torcedores desde o começo da carreira. Ele disse que quando apitava jogos na praia, sempre terminava a partida quando estava perto do mar. “Quando vinham atrás de mim, eu já mergulhava”, divertiu-se. Depois da carreira nos gramados, ele partiu para a TV. Foram quase 30 anos comentando jogos de futebol, e o ex-juiz fez uma parceria inesquecível com Galvão Bueno, de quem é um grande amigo até hoje. “Galvão entende de tudo”, brincou. “Se ele lê 5 minutos sobre um esporte, já sabe as regras e dá aula.”
VAR e direitos de transmissão
Ainda na entrevista, Arnaldo falou sobre o VAR. Para o ex-árbitro, o assistente de vídeo está se metendo demais nas decisões de campo. “Para justificar o dinheiro gasto com equipamentos, softwares e a presença de pessoas na sala do VAR, aumentaram o protocolo e deram autoridade para o VAR se meter”, reclamou. “Quando todo mundo se mete, vira bagunça”, disse, afirmando que os árbitros gastam muito tempo recorrendo ao vídeo apenas para confirmar as decisões que eles já tiveram no campo. Introduzido na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, o VAR está na maior parte dos grandes campeonatos de futebol, incluindo o Campeonato Brasileiro e a Liga dos Campeões da Europa.
O ex-comentarista da Globo também comentou a situação dos direitos de transmissão. Uma PEC assinada pelo presidente Jair Bolsonaro alterou as regras e deu ao time mandante do jogo o direito de negociar sozinho a transmissão da partida. “Pessoas que não são do ramo começaram a querer baixar decretos e portarias”, disse Arnaldo, sem citar nomes. “Tem que cumprir o que escreveu, cumprir os contratos, ou não assina os contratos”, continuou. Para ele, a situação vai se resolver logo. “O bom senso vai aclarar tudo. Tem muito fogo de palha, camarada que promete muitas coisas e não entrega”, continuou. “Ninguém pode querer ser mais malandro que o malandro.”