Sergio Alan de Souza contou ao G1 como é viver uma forma de amor incomparável com Felipe, de 7 anos, e também falou sobre a relação com a filha Ana Júlia, de 13 anos. Sergio Alan fala sobre experiência com filho autista
Débora Cano
Para celebrar este domingo (9), quando é comemorado o Dia dos Pais, nada melhor do que a história de um herói. Pai é aquele que cuida, ama e protege. Mas, acima de tudo, é aquele que faz das dificuldades a maior prova de amor.
As primeiras impressões sobre a diferença de comportamento de Felipe Cano Souza, de 7 anos, foram notadas pelo pai, Sergio Alan de Souza, de 41 anos, quando o filho passou a frequentar a escolinha, aos dois anos de idade. Felipe é autista. A família é de Presidente Prudente (SP).
A aceitação nunca foi problema para o pai, no entanto, a notícia teve um grande impacto.
“Não escolhi ser pai de uma criança autista. Mas sinto-me selecionado para viver uma forma de amor incomparável. Aprendo todo dia com esse amor incondicional. É um turbilhão de emoções. Primeiro tive que entender que o autismo não é doença e, sim, uma forma de comportamento diferente. Falamos com o pediatra e logo fomos encaminhados ao neuropediatra. Até hoje não houve um fechamento de diagnóstico, algo natural. A princípio foi impactante. Era algo totalmente desconhecido, porém, logo entendi que não se tratava de uma doença e, sim, uma forma de comportamento diferente”, contou Souza ao G1.
Peculiaridade
Sergio Alan fala sobre experiência com filho autista
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Souza disse ao G1 que, no início, a principal dificuldade foi entender o que era verdadeiramente o autismo e como era sua origem, como era causado. Ele buscou entendimento, o que fez com que compreendesse quais caminhos deveriam ser seguidos.
“O desenvolvimento do meu filho é igual ao de qualquer criança de sua idade. Talvez a forma de socialização com crianças de sua idade ainda venha sendo o maior obstáculo. Mas é uma criança com habilidades de raciocínio lógico bem aguçadas, o que é bem característico. Tem um rico vocabulário. Tem uma forte ligação com a música, pois, devido ao meu trabalho, convive com o ambiente de concertos e apresentações. Gosta muito de cantar e tem extraordinária facilidade para memorizar as letras das canções”, falou o pai.
Felipe, além de acompanhamento periódico com o pediatra e o neuropediatra, tem encontros semanais com fonoaudióloga e terapeuta ocupacional. Também faz equoterapia e hidroterapia, porém, ambas atividades suspensas devido à pandemia da Covid-19. Além de acompanhamento semanal de psicopedagoga na escola em horário especial.
Felipe, de 7 anos, filho de Sergio Alan
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Como pai, Souza nunca pensou em uma atividade que o filho não pudesse ou possa executar. No entanto, algumas situações fazem com que ele sinta um certo aperto.
“Às vezes, minha ansiedade em que faça ou goste de algo de que gosto, como o futebol, por exemplo, venha a me causar um certo aperto. Se bem que ultimamente vem soltando uns gritos de gol pelo quintal. Vem demostrando mais interesse pelo basquete. É uma criança dócil, amável e expressa isso com toda a família”, acrescentou ao G1.
Ser pai de uma criança autista é viver em descoberta. Souza contou ao G1 que ainda aprende muito sobre esse comportamento.
“Não há um autista igual ao outro. São peculiares. Se tem algo que aprendi, foi o verdadeiro significado de amor incondicional. Aprendo mais com ele do que ele comigo. Com a vivência, nunca houve preconceito com ele. O que há é uma forma de reação de surpresa das pessoas que não entendem o autista”, explicou.
Felipe, de 7 anos, com a irmã Ana Júlia, de 13 anos
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Aos pais, que também vivem a experiência, Souza disse que o essencial é amar.
“Amem. Não tenham dúvidas sobre o que há de ser feito. Façam. Mas façam com todo o amor do mundo. A retribuição desse amor é uma experiência inigualável”, falou.
Amor à distância
Sergio Alan com a filha Ana Júlia
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Souza também é pai de Ana Júlia Souza, de 13 anos. Com ela, também tem desafios. Ana é fruto do primeiro casamento do pai, por isso, a relação entre os dois é à distância, principalmente neste período de isolamento social.
“Ana Júlia já está entrando na adolescência e nosso contato ficou mais restrito com a pandemia. Os espaços entre as visitas aumentaram. Porém, nos mantemos próximos pelas videochamadas quase diariamente. Cobro o desempenho escolar, sobre os cuidados com a quarentena. Todas as preocupações corriqueiras de pai. Procuro passar minha vivência quando tinha a mesma idade. Mostro um pouco do meu mundo e como as coisas eram. Dos filmes, das músicas e tantas outras histórias. Aprendo sobre suas preferências e tento entender o novo. Eu vivi o auge do movimento grunge, já ela vive o k-pop. Ela está adaptada ao mundo virtual e agora ao ensino online”, disse ao G1.
O domingo do Dia dos Pais vai ser como, tradicionalmente, têm sido todos os domingos de pai e filhos. É o dia em que Souza é somente de Felipe e Ana Júlia e dedica totalmente seu tempo a eles.
“O domingo é o dia que mais me dá prazer. É um dia em que posso ser somente deles, viver pra eles e com eles. Vemos filmes, brincamos e, quando tínhamos a normalidade pré-pandemia, fazíamos muitos passeios, principalmente os culturais”, contou.
Vê-los crescer tão rapidamente tem sido o maior desafio como pai para Souza.
Sergio Alan com os filhos Ana Júlia e Felipe
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“O tempo é implacável e, de repente, não são mais os bebês de outro dia. Mesmo que sempre os serão em meu coração. Espero apenas que possam ser felizes, tomando as melhores decisões para suas vidas, quando esse momento chegar. Mas, por enquanto, sigam sob nossas asas, com proteção e amor”, acrescentou ao G1.
O G1 também conversou com a pequena Ana Júlia, que contou um pouco sobre a relação com o pai e com o irmão.
“Minha relação com meu pai é muito boa, nós nos víamos quase todo fim de semana. Ele é um pai bom, nunca me deixou faltar nada e me dá muito amor e carinho. Com meu irmão, também tenho uma boa relação, só que, como nós não nos vemos todos os dias, ficamos um pouco distantes. Mas, quando estamos juntos, nos divertimos muito. Gosto de estar em qualquer lugar com meu pai”, disse Ana Júlia.
Souza ainda falou ao G1 que vive a paternidade com a ansiedade de vê-los se desenvolvendo e alcançando novas fases da vida e, ao mesmo tempo, a alegria em viver cada passo e cada momento.
“A paternidade é a mais grata das missões proporcionadas por Deus. O amor pelos meus filhos é imensurável. Ana Júlia e Felipe são, sem sombra de dúvida, os meus melhores presentes. Dou graças a Deus por tê-los em minha vida”, pontuou ao G1.
Sergio Alan, com os filhos Felipe e Ana Júlia, e a esposa Joice
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