Nos Estados Unidos, o otimismo com a recuperação da economia estava nas alturas até sair o balanço dos bancos referente ao segundo trimestre. Com o aumento das provisões, que é o dinheiro separado para cobrir prováveis calotes entre os devedores, ficou claro que a situação não é bem assim. Os balanços dos grandes bancos brasileiros divulgados até agora servem para ligar o mesmo sinal de alerta. No primeiro trimestre, as maiores instituições financeiras do país provisionaram mais de R$ 20 bilhões para lidar com os devedores duvidosos.
Número que tende a ficar maior de acordo com os balanços do Bradesco e do Santander. Somados, os dois bancos reservaram R$ 7 bilhões no balanço trimestral para cobrir calotes. No primeiro trimestre, o Santander optou por não aumentar as provisões, mas no segundo trimestre separou R$ 3,2 bilhões para cobrir empréstimos que não devem ser pagos.
Provisões:
Bradesco R$ 3,8 bilhões
Santander R$ 3,2 bilhões
Já o Bradesco, que divulgou o balanço nessa quinta, reservou R$ 3,8 bilhões para o provisionamento. Número mais do que considerável, levando em conta que o banco já havia reservado outros R$ 2,8 bilhões para créditos duvidosos no primeiro trimestre. No total, o Bradesco já calcula o calote em R$ 6,6 bilhões. Alguns dirão que, se o banco emprestou, pode levar calote. Por que isso é importante? Porque aponta que as pessoas estão com mais dificuldade para pagar o que devem, podem ter perdido o emprego e ter ficado com o salário reduzido ou mesmo tiveram o contrato de trabalho suspenso. O resultado é um cenário mais difícil para a economia brasileira voltar a crescer.
Endividadas, as pessoas consomem menos. Não pagando o que devem, perdem acesso ao crédito. Com muito mais gente nessa situação, a economia reage mais lentamente. A grande questão agora é como virá o balanço do Itaú. No primeiro trimestre, sozinho, o maior banco do país reservou R$ 10 bilhões para cobrir os devedores duvidosos. Movimento que foi visto como antecipação do calote do segundo trimestre.
Balanços:
Itaú 3/8
Banco Do Brasil 6/8
Com uma reserva tão alta, é esperado que o balanço, na próxima segunda-feira, venha com um valor mais baixo. Ou até que não provisione mais nada. Indicação de que pelo menos para o banco o pior da crise já passou. No dia 6, tem também os resultados do Banco do Brasil, que provisionou R$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre. Vamos torcer por bons números. A economia anda precisando.
*Samy Dana é economista e comentarista da Jovem Pan