Luiz Fernando acolhe sugestão de Marinho para saber planos de Doria e da BYD sobre a obra
O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) tentará levar adiante, na Assembleia Legislativa, audiência para tratar sobre a Linha 18-Bronze do Metrô, que ligaria o Grande ABC ao sistema metroviário da Capital e que foi enterrada pelo governo de João Doria (PSDB).
A ideia do petista, que acolheu sugestão do ex-prefeito Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, é incluir em uma mesa deputados da região, direção do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e o diretor de negócios da empresa chinesa BYD, Alexandre Liu, para entender quais as intenções do conglomerado sobre o resgate da proposta original. A BYD chegou a falar em projeto, se reuniu com o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB), mas, na última semana, recuou e reduziu o ímpeto sobre o caso.
“Precisamos saber o que procede dessa história, até para que nos preparemos para um encontro com o secretário (Alexandre Baldy, dos Transportes Metropolitanos)”, declarou Luiz Fernando.
Em visita ao Diário, Marinho lembrou que foi em seu governo que a PPP (Parceria Público-Privada) da Linha 18 ganhou corpo. “Se dependesse do governo do Estado, não iria sair é nada”, sustentou o petista, citando que foi seu governo que pagou pelo projeto básico, plano que norteia a obra. “Fiz essa sugestão ao deputado Luiz Fernando porque não podemos desistir do Metrô. A Linha 18 está assinada. O BRT (sigla em inglês para ônibus em alta velocidade) é impraticável na região, pois seu traçado é suscetível a enchentes. Por monotrilho, esse problema é minimizado.”
Luiz Fernando avisou que, além da audiência, vai pedir a convocação de Baldy e do diretor-presidente do Metrô, Silvani Alves Pereira, dentro da comissão de transportes da Assembleia, para prestarem esclarecimentos. Baldy diz que enterrou a Linha 18 pelo alto custo.
“Se for do jeito que o (Gabriel) Maranhão (presidente do Consórcio Intermunicipal) me falou e do jeito que o Diário reportou, nós não podemos perder esta oportunidade”, avaliou Luiz Fernando, ao lembrar da proposta da BYD – a empresa chegou a cogitar comprar o Consórcio Vem ABC, vencedor da licitação da PPP, e custear as desapropriações.
Presidente da comissão de transportes na Assembleia, o deputado Ricardo Madalena (PL) declarou que acompanha o imbróglio envolvendo a Linha 18, mas que não tem muito a acrescentar no debate. “Minha comissão cuida mais das questões envolvendo as estradas que cortam o Estado”, alegou.
Presidente do Consórcio Intermunicipal, o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), culpou o governo João Doria (PSDB) pela morosidade nas negociações com o grupo chinês BYD, que demonstrou interesse em resgatar o projeto da Linha 18-Bronze.
Ontem, o Diário mostrou que Maranhão declarou que o debate ainda precisava ser amadurecido, ao contrário do que executivos haviam afirmado. O prefeito reforçou ontem que a culpa pelo entrave das conversas é do Palácio dos Bandeirantes. “A minha insatisfação é com o governo do Estado. Sentimos falta de gesto de respeito com o Grande ABC porque sequer deram uma resposta”, frisou o prefeito, ao se referir à espera por audiência com o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy. “Nós podemos ter perdido uma batalha, mas não a guerra.”
Após a BYD afirmar que já teria projeto para resgatar a Linha 18 e que poderia financiar as desapropriações de terrenos do traçado (primeira fase das intervenções), o grupo emitiu nota recuando.