Homem enviou mensagens nas redes sociais da mulher do governador, Bia Doria, pedindo dinheiro para que facção criminosa não matasse seu marido. Ele já estaria preso por outro crime.
A Justiça de São Paulo tornou réu o homem acusado de usar a internet para ameaçar de morte o governador João Doria (PSDB) e de tentar extorquir R$ 5 milhões da primeira-dama Bia Doria durante a pandemia de coronavírus.
Por decisão do juiz Carlos José Zulian, da 1ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital, Hércules Cordeiro Torres, de 22 anos, terá de responder pelos crimes de extorsão mediante ameaça de morte. O magistrado ainda decretou na última segunda-feira (29) a prisão preventiva do réu, que consiste em manter o acusado detido por tempo indeterminado até seu eventual julgamento.
“Imputa-se ao acusado a prática de crime de extorsão mediante ameaça de morte que, por si só, justificaria a decretação de sua prisão preventiva visando a garantia da ordem pública”, escreveu o juiz Carlos na sua decisão.
Hércules já estaria preso preventivamente no Nordeste, mas por outros crimes de extorsão e ameaça, dessa vez, contra o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) (leia mais abaixo). O G1 não conseguiu localizar a defesa do acusado para comentar o assunto.
Nos dois processos contra Hércules constam as informações de que o réu confessou os crimes contra Doria, Bia e Coutinho. O advogado do acusado alegou nos documentos que seu cliente “queria apenas assustar” as vítimas.
“Encontramos a decisão proferida pelo juízo da 1ª Vara Criminal de João Pessoa-PB, que determinou sua segregação cautelar pela prática do mesmo crime de extorsão praticado contra à família do ex-governador daquele estado, a indicar seu ‘modus operandi’ que coloca em risco a sociedade pela reiteração delitiva”, continuou o magistrado Carlos.
Governador de SP
Segundo a investigação da Polícia Civil de São Paulo, Hércules enviou mensagens em maio nas redes sociais de Bia Doria, mulher do governador paulista, pedindo dinheiro para que uma facção criminosa não matasse seu marido, João Doria.
O acusado, que mora no município de Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco, escreveu e mandou áudios pelo Instagram da primeira-dama com as ameaças e tentativa de extorsão.
Como estava no nordeste, Hércules foi indiciado indiretamente pela polícia de São Paulo pelo crime de extorsão mediante ameaça. O Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) também pediu à Justiça paulista a prisão preventiva do investigado, que já estaria preso em Pernambuco por outro crime de ameaça e extorsão contra o ex-governador da Paraíba.
Ex-governador da Paraíba
Em 22 de maio, o G1 PB noticiou que o acusado estava detido preventivamente por suspeita de ameaçar matar Ricardo Coutinho, se ele não pagasse R$ 3 milhões.
Como no caso de Doria, Coutinho também recebeu as mensagens pela web. No nordeste, o homem foi preso e indiciado pela ameaça tentativa de extorsão ao ex-governador da Paraíba.
No celular de Hércules, apreendido pela força-tarefa das polícias de Pernambuco e Paraíba, estavam também as ameaças a Doria e Bia.
O advogado de Doria, Fernando José da Costa, falou nesta quarta-feira (1º) que quem cometer crimes virtuais contra o governador de São Paulo será responsabilizado.
“Em maio o governador Doria foi vítima de extorsão. Após nosso requerimento (notícia crime), foi instaurado inquérito policial, identificado o autor e em junho, mesmo em época de pandemia, a justiça cumprindo seu papel, decretou a prisão preventiva de Hércules e o tornou réu pela prática de extorsão mediante ameaça de morte”, disse Fernando.
Coronavírus
Em março, Doria havia recebido outras ameaças de morte em seu celular pessoal. Eram mensagens enviadas pelo aplicativo WhatsApp contra as ações dele para combater a Covid-10 no estado de São Paulo.
Todas as ameaças, incluindo os números dos aparelhos de onde partiram, foram entregues ao Dope e a 1ª Delegacia Anti-Sequestro (DAS), na capital, que investigam o caso para tentar identificar os responsáveis pelas ameaças.
A Polícia Militar (PM) cercou a residência do governador após as ameaças por questão de segurança.