‘Os caras estavam a fim de matar todo mundo’, diz sobrevivente de chacina com 3 mortos e 2 feridos na Grande SP

Testemunhas contaram que 2 assassinos se identificaram como ‘policiais’ antes de atirar em grupo com 8 pessoas e fugir na segunda (29) em Embu-Guaçu. Entre os mortos tem 2 irmãos.

“Os caras estavam a fim de matar todo mundo”, diz um dos sobreviventes da chacina que deixou três mortos e dois feridos na noite de segunda-feira (29) em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. A Polícia Civil investiga o caso e tenta identificar os assassinos. Testemunhas disseram que os atiradores se identificaram como “policiais”.

Segundo testemunhas, por volta das 23h30, dois homens armados se aproximaram a pé do grupo de oito pessoas que conversava em volta de uma fogueira na Rua Pedro de Moraes, que fica a 800 metros da única delegacia da cidade.

Em seguida, contou o sobrevivente, os dois homens se identificaram como “policiais” e atiraram no grupo. Depois fugiram num carro.

“O menino desafiou ele. Falou ‘não, que polícia o c*’, falando desse jeito, né? Aí foi na hora que ele começou a disparar pra cima de todo mundo”, fala nesta terça-feira (30) o sobrevivente, que não teve o nome e rosto divulgado pela reportagem por questões de segurança.

O estudante Edilson da Silva Rosa, de 21 anos, foi quem teria respondido aos assassinos. Ele foi morto com um tiro na cabeça.

Os outros dois mortos são os irmãos Vinicius Fernando Correia Inocêncio, 20 anos, e Ricardo Davi Correia Inocêncio, de 17. Ambos também eram estudantes.

Ricardo Correia Inocêncio, 17; o irmão Vinicius Correia Inocêncio, 20; e o amigo Edilson Rosa, 21, foram mortos em chacina em Embu-Guaçu, Grande São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Ricardo Correia Inocêncio, 17; o irmão Vinicius Correia Inocêncio, 20; e o amigo Edilson Rosa, 21, foram mortos em chacina em Embu-Guaçu, Grande São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Outras duas pessoas, uma estudante de 19 anos, namorada do irmão mais novo que foi morto, e um homem de 31 anos, foram feridos pelos disparos.

A jovem foi atingida de raspão nas costas e o rapaz foi baleado na cabeça. Os sobreviventes foram socorridos e levados ao Hospital Geral de Itapecerica da Serra, também na região metropolitana. Ela foi medicada e liberada; ele permanece internado. Seu estado de saúde não foi divulgado.

Outras três pessoas que estavam no grupo conseguiram correr e não foram atingidas pelos disparos.

“Só deu tempo dos meninos correrem. Eu corri lá para cima, para o campo, outros correram lá pra cima”, lembra o sobrevivente.

Mãe perde 3 filhos

Chacina deixa três mortos em Embu Guaçu, SP
Chacina deixa três mortos em Embu Guaçu, SP

A mãe dos dois irmãos mortos a tiros na chacina, afirmou à reportagem que já tinha perdido outro filho assassinado, cerca de um mês antes desse outro crime.

“Três filhos. Eu quero justiça. Alguém tem que pagar pelo que fez. Ninguém sabe o porquê fez. Ninguém sabe”, diz a mulher, sem se identificar. “Quem vai saber quem é esses loucos que saíram atirando a torto e a direito em todo mundo.”

De acordo com o boletim de ocorrência do caso, registrado na delegacia que fica a cerca de 800 metros de distância do local onde ocorreu a chacina, dois homens não identificados, armados, um com revólver e outro com uma arma longa, chegaram a pé e atiraram num grupo de oito pessoas que estava conversando perto de uma fogueira, por volta das 23h30, na Rua Pedro de Moraes, Centro de Embu-Guaçu.

Morreram:

  • Edilson da Silva Rosa, 21 anos, estudante: baleado na cabeça;
  • Vinicius Fernando Correia Inocêncio, 20 anos, estudante: baleado;
  • Ricardo Davi Correia Inocêncio, 17 anos, estudante: baleado.

Feridos:

  • Um homem de 31 anos: baleado na cabeça foi internado num hospital;
  • Uma estudante de 19 anos: baleada de raspão nas costas foi medicada e liberada. Ela namorava o adolescente Ricardo

Investigação e medo

Delegacia de Embu-Guaçu fica na mesma rua onde três estudantes foram mortos em chacina  — Foto: Guilherme Pimentel/TV Globo
Delegacia de Embu-Guaçu fica na mesma rua onde três estudantes foram mortos em chacina — Foto: Guilherme Pimentel/TV Globo

Ainda segundo o registro policial, testemunhas contaram que um dos criminosos, que usava revólver, havia dito que era da “polícia”, antes de atirar. Em seguida, Edilson teria respondido: “você não é polícia nada”. Nesse momento, um criminoso atirou na cabeça dele e passou a disparar contra o grupo. Algumas pessoas conseguiram fugir.

Outro criminoso, que usava touca e uma arma longa e também teria atirado contra o grupo.

Testemunhas disseram aos investigadores que um dos atiradores era um homem de estatura forte, 1,75m, barba clara e cabelos enrolados e curtos. E o outro atirador era um homem magro, de 1,80m, cabelos lisos, olhos castanhos e bigode.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o caso é investigado pela Delegacia de Embu-Guaçu, com apoio do Setor de Homicídios e de Proteção à Pessoa de Taboão da Serra, outro município da região metropolitana.

De acordo com a comunicação da pasta da Segurança, testemunhas foram ouvidas e policiais estão tentando identificar os autores da chacina, para prendê-los e tentar esclarecer o motivo do crime.

“Até o momento, não há indícios de participação de policiais na ação”, informa a nota da SSP.

Policiais que participam da investigação vão apurar se a chacina pode ter relação com a morte de um guarda civil municipal de Diadema, que foi encontrado carbonizado na sexta-feira (27) em Embu-Guaçu, onde morava.

Por causa da chacina de segunda, moradores estão com medo de represálias por parte dos assassinos.

“Ontem mesmo eu já queria ir embora daqui. Infelizmente, essas coisas de crime estão em todos os lugares, mas ontem me bateu até um medo. Ontem eu chamei meu filho e falei ‘vamos entrar’. Ele está muito assustado. Nunca tinha visto isso na minha vida”, falou a mulher, também sem se identificar.

By Minuto ABC

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