Chamado por assessores diretos do presidente Bolsonaro de “militante radical”, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, irritou a área econômica e comercial do governo ao reforçar seus ataques contra a China em depoimento por escrito entregue na quinta-feira (4) à Polícia Federal.
Em conversas com o blog, assessores da equipe econômica e da área comercial do governo Bolsonaro disseram que não acreditaram quando viram as declarações de Weintraub à PF, que podem gerar mais tensão na relação entre Brasil e China, e avaliam que “até parece” que ele quer forçar uma saída do governo.
Por sinal, depois do depoimento, a ala do governo que defende a demissão do ministro da Educação avaliou que ganhou mais munição para seguir na pressão pela saída de Weintraub.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil e é estratégico para a recuperação econômica do país neste ano, que pode registrar uma recessão superior a 7%.
Em seu depoimento por escrito, o ministro da Educação disse que “não é mera ilação” dizer que a China tem “participação” na pandemia do coronavírus. Acusou ainda a China de esconder o início da doença da Organização Mundial da Saúde (OMS) e afirmou que “há fortes evidências de que o vírus foi criado em laboratório”.
O ministro da Educação é investigado num inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal por suposto crime de racismo, o que ele nega, ao postar mensagens em redes sociais depreciativas em relação ao governo chinês.
Em seu depoimento, ele não só reforçou os ataques feitos nas redes sociais como também disse que a China é uma “ditadura comunista de partido único” e”é campeã de violações aos diretos humanos”.