Rival de Arcanjo movimentou mais de R$ 11 milhões em um ano.
O empresário Frederico Müller Coutinho, suspeito de chefiar uma suposta organização criminosa que atuava no jogo do bicho em Mato Grosso, movimentou R$ 11,4 milhões entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018.
A informação é fruto de investigação da Polícia Civil e consta na decisão do juiz Jorge Luiz Tadeu, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que determinou a prisão do empresário, do bicheiro João Arcanjo Ribeiro e do genro dele, Giovanni Zem Rodrigues, na Operação Mantus, deflagrada nesta quarta-feira (29). O processo corre em sigilo.
O magistrado determinou a quebra de sigilo bancário e telefônico de Frederico Müller, que atenderia pelo apelido de “Dom”. Os relatórios comprovaram a transação milionária.
“Enquanto pessoa física, tem-se que ‘Dom’ movimentou R$ 6.404.289,58. Já em relação às pessoas jurídicas de sua titularidade, observou-se que elas movimentaram o seguinte: Müller Coutinho Assessoria de Cobrança LTDA/ME R$ 4.687.741,10 e Muller Coutinho Corretora de Seguro LTDA 0 R$ 341.763,39”, consta em trecho da decisão.
Conforme a decisão, a quebra do sigilo ainda demonstrou que houve transação de dinheiro entre outros integrantes da quadrilha do grupo de Müller.
Em duas contas da empresa Müller Coutinho Assessoria de Cobrança LTDA, em um ano, foram movimentados quase R$ 400 mil.
“De todas as movimentações financeiras elencadas pela autoridade policial, chama a atenção os depósitos realizados em dinheiro, de forma não identificada e fracionada, como é o caso do extrato da conta da Empresa Muller Coutinho Assessoria de Cobrança LTDA, do período de 02/01/2017 a 25/01/2018, o qual apontou transações no total de R$ 112.271,80”.
“Pelo mesmo modus operandi, no período acima citado notou-se também os depósitos realizados na conta do Banco Santander de titularidade da Empresa Müller Coutinho Assessoria de Cobrança LTDA, os quais totalizaram o montante de R$ 281.775,98”.
“Portanto, as interceptações telefônicas e a quebra de sigilo bancário demonstraram a posição de chefia/líder de Frederico Muller Coutinho, vulgo ‘Dom’, o qual faz uso das pessoas jurídicas de suas titularidades para movimentar os valores monetários arrecadados pela organização criminosa Ello/FMC”, consta em decisão.
A operação
Além do grupo que seria comandado por Müller, a operação também atingiu outra suposta organização que seria liderada pelo bicheiro João Arcanjo e seu genro Giovanni Zem Riberio, a Colibri. Segundo a Polícia Civil, os dois grupos disputavam “acirradamente” o espaço do jogo do bicho no Estado.
De acordo com o delegado Luiz Henrique Damasceno, a investigação começou em agosto de 2017, quando a Polícia Civil recebeu uma denúncia de um colaborador – que não quis se identificar – sobre a permanência e continuidade do jogo do bicho em Cuiabá.
No total, a operação cumpriu 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar.
As ordens judiciais foram cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e em mais 5 cidades do interior do Estado.
Arcanjo foi preso na sua residência, na Capital, assim como Frederico. Já Giovanni foi preso no Aeroporto de Guarulhos (SP), com o apoio da Polícia Federal.
Os suspeitos devem responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.